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Minha Morte Quem Faz Sou Eu: Um Conto De Suspense e Terror


Estava ela sentada em uma cadeira, num apartamento qualquer. Mal podia sentir a ponta dos dedos das mãos. Estava ao pouco recobrando a consciência e não lembrava de absolutamente nada. Sabia apenas que estava amarrada à cadeira. Tudo escuro. Ela só conseguia enxergar as trevas diante de seus olhos. O que estaria acontecendo? Por que estava ali?
De repente, ela escuta uma porta se abrir por trás de si. Quem era? O que queria? Tentou perguntar isso, mas só conseguia ouvir a voz dentro de sua cabeça. Sentia que estava prestes a desmaiar. Não conseguia emitir som. Sabia que sua mandíbula mexia, mas não saía voz.
O que era aquilo? Que líquido era aquele escorrendo pelo seu peito? É um líquido grosso, espesso. Parece sangue! Sim ela podia sentir que era sangue; o seu sangue. Mas por que ela sangrava? Precisava sair daquela cadeira. Precisava saber por que não conseguia falar, enxergar e porque sangrava.
Fez um grande esforço para tentar se desamarrar e acabou caindo. Sentiu mãos fortes levantando-a de novo. De quem eram aquelas mãos? Quem estava com ela no quarto? Por que essa pessoa não emitia uma palavra? De repente, o silencio foi quebrado pelo barulho das cordas sendo desamarradas. Esse era o momento. Reuniu todas as suas forças e após ser desamarrada, correu no escuro para qualquer lado.
Rapidamente, retirou a venda dos olhos e percebeu que ainda não enxergava. Quis chorar, mas não sentia as lágrimas molhando seu rosto já molhado pelo suor. Sentiu novamente as mãos agarrando-a. tentou lutar, mas já estava sem força. Apenas cedeu aqueles braços.
Ouviu com atenção àquela voz forte e máscula que dizia: Já está quase terminado! Falta apenas eu arrancar seus braços e pernas, e tudo estará feito.
O que haviam feito a ela? Tentou colocar as mãos na boca, mas percebeu que sua arcada inferior não existia. Pôs as mãos nos olhos e sentiu as órbitas vazias, nos lugares onde deveriam existir olhos castanho-esverdeados.
Entrou num profundo desespero. Agora entendia por que não falava, não enxergava e apenas sangrava. Haviam arrancado quase tudo e agora planejavam arrancar o resto. O que ela iria fazer? Sentiu seu corpo ser depositado em uma espécie de mesa fria como mármore. Queria apenas saber o motivo de ser tratada daquele jeito: como um animal sendo esquartejado.
Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, ouviu de novo a voz: Sei que você quer saber por que estou fazendo isso. Te respondo agora. Você nunca deu valor ao que aprendeu na vida. Sempre arrumou um jeito de destruir os dons que lhe foram dados. Agora, eu os reclamo para mim. Nunca mais verás o mundo, nem caminharás sobre ele. Jamais irá mentir novamente ou furtarás nada. Agora, irei tirar o que está faltando.
Sentiu-se amarrada novamente. Ouviu o som de algo parecido com uma serra elétrica. Concentrou-se em rezar para morrer antes que a serra encostasse em sua pele. De repente, acordou ressaltada em sua cama e percebeu que tudo não passara de um sonho.
Levantou-se, foi até a geladeira e nela encontrou um bilhete que estava escrito o seguinte:

“Dessa vez foi apenas um sonho. Mas se não mudares sua vida, pode se tornar real.

Assinado,
sua Morte”.

Correu desesperada a igreja mais próxima, pediu perdão pelos seus pecados e pelo que iria fazer. Chegou em casa, pegou a pistola que fora do seu pai, carregou com uma bala e foi para seu quarto. Escreveu um bilhete que dizia: Minha morte quem faz sou eu. Ninguém pode me ameaçar.
Feito isso, só se ouviu um estouro, e seu corpo caindo estático no chão.